Numa tarde quente de junho, caminhávamoss pela passarelas cobertas que dão acesso ao Templo do Céu, em Pequim. O guia chinês contava uma história interessante: os senhores e senhoras de idade que estavam sentados ali, ao longo de todo o trajeto, eram chineses aposentados, que se divertiam das mais diversas maneiras. Uns, faziam uma espécie de karaokê improvisado. Outros, jogavam cartas, ou um tipo de dominó. Mais alguns jogavam petecas (com grande habilidade!).
Um som muito especial me atraiu a atenção. Imediatamente, chaveei a pequenina Olympus digital para a posição de filmar, certo de que não poderia perder nunca aquela chance do acaso — só assim poderia captar a música que um senhor tirava de um instrumento de uma corda só. A qualidade da imagem, óbvio, não é lá essas coisas, mas vale pela oportunidade conquistada de mostrar a vocês a ternura com que o velhinho dedicava esse som aos que passavam por ali. Ou melhor: prefiro imaginar que ele fazia isso para um passado de si mesmo, um réquiem para uma velha China que não existe mais. Confiram aí embaixo no vídeo que postei no YouTube: