Preguiça de domingo ou falta da disciplina do padre Assis (ver aqui o que quer dizer isso)? Acho que os dois, pois são direitos inalienáveis dos domigos de setembro em Olinda. Resolvi então fazer uma pesquisa arqueológica nos discos rígidos da internet para reeditar este texto, que postei logo depois da viagem à China em junho deste ano (para os mais curiosos, clicar na coluna da direita na categoria “viagem à china”). “Arqueológica”? Mas claro: o meu filho Lucas me disse que uma notícia na internet fica velha em 32 horas — tempo suficiente para ser vista por 50% de TODOS os leitores que vai ter na vida eterna que conquista com a primeira postagem. Então resolvi “aumentar” a vida eterna deste post, do qual gostei particularmente. La vai:
O meu amigo Ennio já postou aqui uma série de fotos muito ilustrativa da “nova mulher” chinesa. Até me lembro da situação em que foram tiradas muitas delas: estávamos fora de um shopping central de Shanghai (diz-se “shan-rai”) por uns bons minutos, enquanto esperávamos uma carona, e ele resolveu dar uma de voyeur digital com a sua recém-adquirida Nikon. Ficou um ensaio-síntese interessante, amostral, da juventude chinesa metropolitana.
Agora, resolvi completar o trabalho de Ennio com uma outra observação. Vimos em alguns lugares exemplares da pintura moderna chinesa e um detalhe me chamou atenção, só agora me dando conta: sinto com se houvesse um movimento pictórico de recuperação do doçura feminina, antes ocultada pelo “realismo socialista” da velha pintura maoísta. Vejam abaixo:
É como se houvesse uma busca do detalhe antigo, do bracelete, da roupa, da languidez do olhar, da pintura do rosto, do abanico tradicional. Mais importante ainda: a iluminação. Quase que invariavelmente um raio de luz forte realça o rosto da modelo, trazendo à tona o indivíduo, antes submerso na pintura grupal, coletiva.