O orvalho da grama doía nas minhas canelas de menino. Também, fazer educação física às cinco horas da manhã… Era tão escuro no campo de futebol do Colégio Diocesano de Patos que ainda dava pra ver a luz que saía pela janela insone do padre Assis.
Como a curiosidade não mata, morria de vontade de ver de lá. Era uma janela de primeiro andar, olhando pro campo e além dele, para o rio Espinharas. Hoje percebo que era muito mais além o que enchia os olhos do padre e a minha curiosidade — era a serra de Teixeira, pintada do sol amarelo-avermelhado que só a tardinha sertaneja tem. E vejo, na distância da saudade, o que coloria de vermelho a “Crônica das Doze” do padre Assis, que já nos deixou ainda nos anos 80.
“O sol…tintas vermelhas no horizonte.” Começava assim a crônica na Rádio Espinharas de Patos que fazia brilhar os meus olhos de infância no sol do meio-dia. Por isso, pedi ao padre, supervisor escolar da Diocese de Patos, na Paraíba, hábil nos sermões e virtuoso na crônica, para batizar a nova fase deste blog.
Em sua homenagem, e procurando inspiração na “Crônica das Doze”, todo santo dia na rádio (ah, a disciplina…), vou tentar a observação diária desses novos tempos. Quando chegar perto do meio-dia, vou afastar a atenção da janela do computador e buscar a tinta vermelha do padre Assis para colorir as minhas retinas digitais.
Abença, padre.
[…] de domingo ou falta da disciplina do padre Assis (ver aqui o que quer dizer isso)? Acho que os dois, pois são direitos inalienáveis dos domigos de setembro […]
Lembro dessas corridas pelo campinho, eu que também fui aluno interno do Diocesano, do aposento do Pe. Assis e também do Pe. Acácio e do Prof. Messias, em frente ao predinho onde ficavam os dois padres.
Bem no meio do campo havia sempre lama que diziam ser esgoto.
Mas eu gostava mesmo era de ouvir sem cansar as falas do Pe. Vieira, mesmo ao sol das 13 horas, antes das aulas, todos os dias. Era um grande orador.
emídio,
eita, emídio, que bom que você enriqueceu as minhas lembranças…fico feliz e agradecido.
especialmente por ter recuperado o meio do campo alagado…tem razão! a bola parava por ali na grama alta, alimentada e bem nutrida pelo esgoto que agora vejo e não via naquele tempo de menino…
ah, e o padre vieira…ele é um capítulo à parte, merece uma visita especial do blog, algum dia faço…sim, lembro perfeitamente da força dos seus sermões no sol a pino.
grande abraço.
ps: você faz o que hoje? onde?
Mais uma lembrança. Eu era interno, médio. No intervalo do almoço os maiores ficavam fumando naquela parte à direita de quem estava na quadra de futebol de salão, olhando para a escadaria que levava à sala do Pe. Vieira. Era proibido aos médios fumar. Nós fumávamos naqueles banheiros atrás da capela. Alguns ficavam vigiando para o caso de vir algum “prefeito”. Um certo dia fui fumar depois do campo, perto do muro que dava para o rio. Não vi o Ribamar chegando (ele havia visto a fumaça do cigarro de onde estava nas “arquibancadas” do campo. Resultado, meia hora de joelhos na quadra de vôlei.
Outras lembranças virão.
Um abraço
PS. Sou tradutor, em São Paulo.
vixe, rapaz…ainda bem que não foi ajoelhado em cima de caroço de milho (não sei nem se existia isso, talvez só na nossa imaginação aterrorizada pelo medo da simples possibilidade do castigo).
tradutor? digo a todo mundo que duas pessoas foram fundamentais na minha formação básica (a única que interessa para o resto da vida…tudo o mais vem ou não vem dependendo disso…): professor messias (que me encaminhou para o bom portugês que falo e escrevo) e mrs. lin (que viu minha vontade de aprender inglês e me ajudou…sou autodidata em inglês e isso me ajudou muito na minha vida profissional).
cm
ps. ribamar foi zagueiro do nacional de patos, não foi?
Que bom que você essas duas pessoas te levaram a algo. Eu também considero o Messias um grande conhecedor de nosso idioma. Severo, ele era, sem dúvida, mas fazia isso no sentido de nos orientar corretamente.
Ribamar foi vice-diretor do colégio e é do Ceará, como os irmãos Bitu (lembra? Bituzinho, Bituzão e Bitu Médio). Parece que Ribamar jogou pelo Nacional. Não me lembro bem agora. Ele tocava violino.
Não tinha caroço de milho para nos ajoelharmos em cima. Havia um tufo de grama no meio que eu logo busquei para escapar de ter os joelhos assados ao sol tórrido de Patos.
Achei que so eu lembrava da eterna Cronica das 12. como esquecer? Fazia parte de nossas vidas. Faz parte da historia de Patos. Estudei no CEPA nos anos 70, e recordo com saudade professores, professor Messias e tantos outros-Irma Clarice,Pe Carlos,Josa,Selma Vanderley,Mariinha,Dione…
telma,
você já fez o estadual, eu fiz o diocesano…:)…diferença de pelo menos uns dez anos e mundanças importantes…fim do internato, por exemplo.
mas nada que refaça o seu raciocínio: lembranças de um tempo que já passou mas que ficou guardado nas nossas memórias.
cuide bem delas.
cm
Esse Padre Carlos é um que lecionava música?
emidio,
só perguntando a telma, que escreveu aí encima…o wordpress tem esse defeito: a gente não fica com o email das pessoas…:(
então vamos esperar que ela nos visite de novo, não é?
ei, telma! chegando aqui, responda por favor a emídio…
abraços