Acho que entrei num clima de natal varig, varig, varig… A nostalgia é uma autodefesa sábia do nosso organismo. É algo de instinto, biológico. Foi chegando perto o Natal e a musiquinha da Varig — aquela dos anos 60, que pra muitos da minha geração representa o sentimento do Natal melhor que qualquer jinglebell — ficou soando na minha cabeça (ouçam aqui o famoso jingle, na versão com sotaque gaúcho, um barato…).
Quer dizer, a nostalgia vem como autodefesa pra nos ajudar a ir em frente, diante de fraquejamentos emocionais tipicos destas festas de fim de ano. As TVs sabem muito bem explorar o sentimento do período, normalmente de solidariedade, de compaixão com os mais pobres e, especialmente, com as crianças. E se são pobres e recebem presentes anônimos dos programas empresariais de “responsabilidade social”, vixe, mais ainda… Basta ver as carinhas de alegria pra gente entrar no clima e pronto…chororô pra todo lado.
Então me lembrei de garimpar umas fotos do meu acervo digitalizado, para fazer este post natalino. Eu gostava de fotografar crianças em feiras do interior nos anos 70. Uma delas me marcou mais fortemente e vai aí embaixo. Eu não sei quem tinha a vergonha maior: se ela, a menininha suja num chão imundo de feira, que virava a cara, ou eu, intruso da sua condição de pobreza e sem coragem de lhe fotografar o rosto.
De qualquer forma, sempre fui contra a foto-denúncia da nossa condição infra-humana mais primária. Crianças andando em esgotos, por exemplo, cenas tão típicas dos guias eleitoriais, são para mim um profundo desrespeito, mais ainda quando sabemos que são usadas sem o menor compromisso com a solução do problema apontado. Para mim, o fotógrafo engajado da condição humana não precisa apelar para esses expedientes grosseiros. Quanto mais sutil, mais ajuda. Vide Sebastião Salgado, o grande fotógrafo em preto-e-branco do homem sobre a Terra.
Tenho uma outra seqüência de fotos de crianças que me agrada muito. E ofereço àquela criancinha desconhecida da feira de Patos.
Foi feita na Praça do Carmo, em Olinda, em 1976. Eu me escondi atrás do pano de um teatro de mamulengos e pude roubar o “espírito” da criançada para fixar nos negativos da minha câmera.
Moços e moças, todos nos seus trinta e poucos anos hoje e que possam se identificar nas fotos: mil desculpas por ter roubado o êxtase comovente das suas expressões de crianças diante da trama dos bonequinhos. Espero que a alegria do reencontro com suas almas infantis ajude a me perdoar.
A todos vocês com quem partilho estas imagens: espero que lhes tragam um Natal varig-varig-varig, “de amor e paz”. “E um Ano Novo cheio de prosperidade”.
Sugestão: cliquem no link do YouTube aí encima e vejam as fotos ao som do jingle da Varig.
Dá-lhe!
Eita!
E agora?
Meudeus!
Ó pra ele!
Eu sabia!
Belas fotos, Claudio, sou fã do seu arquivo digital.
Grande abraco pra voces e feliz 2008
oi paulo,
ainda tenho muita coisa boa…vou publicar devagarinho.
um ano novo “de rocha” pra vocês.
claudio m
Oi Claudio!
Reconheço nessas fotos minha irmã Luciana e Maria Milet Pinheiro (a de óculos!), filha de Luciano e Vera.
Emocionante vê-las aqui.
Abraço grande,
Juliana (a caçula de Ivaldevan e Sonia!)
oi juliana,
são elas mesmo… 🙂
bem-vinda ao meu blog.
abraço,
cm
ps. clicando la encima, na coluna da direita, pra selecionar categoria, pega o “passado digital”…tem mais fotos, inclusive dos seus pais na janela da ribeira
Claudio,
Vi com emoção as fotos do carnaval e do mamulengo (Maroca e Lu!).
Voltei a Olinda daquele tempo, quando você morava na casa vizinha a nossa e permitia a mim, com uns 8 anos, manusear um pouco aquele maravilhoso equipamento de transferir letras para papel. Aquela máquina datilográfica me marcou tanto que deu no que deu: http://www.eckhardt-design.com.
gde abraço
cf, (o mais velho de Eliana).
ei cara, assim você me deixa todo ancho, me achando…quer dizer que a minha maquininha olivetti lettera 22 tá na origem desse seu pendor pras artes gráficas?
vi seu trabalho no link e me babei todo… uma beleza…
voce esta por aqui mesmo no recife ou em londres?
cm